domingo, 30 de maio de 2010

Chico Por Frei Beto


Chico Por Frei Beto

 

"As escrituras registram que Jesus passou a vida fazendo o bem.

O mesmo se aplica a Francisco de Paula Cândido Xavier, o mais

 famoso kardecista brasileiro e um dos autores mais lido do País.

 Conheci-o nos anos 50, em Minas. Nos meios católicos contavam-se

 horrores a seu respeito. Espíritas e protestantes eram "queimados"

 na fogueira de nossos preconceitos até que o papa João XXIII, nos

anos 60, abriu as portas da Igreja Católica ao ecumenismo. Chico Xavier

é cristão na fé e na prática. Famoso, fugiu da ribalta. Poderoso, nunca

enriqueceu. Objeto de peregrinações a Uberaba, jamais posou de guru.

Quem dera que nós, católicos, em vez de nos inquietar com os mortos

que escrevem pela mão de Chico, seguíssemos, com os vivos, seu exemplo

de bondade e amor".

 

Frei Beto



quinta-feira, 25 de março de 2010

COMPADRES E COMADRES

 Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.

Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.

"Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre."

E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos.

Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.

"Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!"

A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.

Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha geralmente uma das filhas e dizia:

"Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa."

Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.

Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Prá que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam... Era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...

Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenavam. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa... A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.

O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:

"Vamos marcar uma saída!..." Ninguém quer entrar mais.

Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.

Casas trancadas... Prá que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite...

Que saudade do Compadre e da Comadre!

 

Texto de José Antônio Oliveira de Resende/Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.


terça-feira, 23 de março de 2010

Normose

Normose

 

A palavra normose foi criada na França pelo escritor e conferencista Jean-Ives Leloup para designar, em síntese, essa forma de comportamento visto como normal mas que, na realidade, não é normal.

Transportando esse conceito para observação da sociedade atual verificamos que as pessoas se pautam por padrões estabelecidos por alguém ou um grupo, em algum momento.

Por exemplo, segundo padrões da moda atual, ser normal é ser magro e bonito.

Para isso, vale dieta e, a cada dia surge uma diferente, ditada por essa ou aquela celebridade que afirma ter conseguido o peso ideal em um tempo mínimo.

Para alcançar as medidas ideais da dita normalidade vale a frequência a academias, com rigorosos exercícios físicos, massagens e tudo o mais que possa permitir atingir o idealizado.

E depois vêm as cirurgias para modificar tudo que seja possível alterar.

Não escapam os dentes, que devem ser perfeitos e brancos e, para isso, submetem-se as pessoas a aplicações de laser, porcelana e o que mais seja necessário.

Não importa se algo faz mal à saúde. O importante é ser normal que inclui, ao demais, estar sempre na moda, vestir a roupa do momento, custe o que custar.

Gastam-se verdadeiras fortunas com cabeleireiros, maquiagem, produtos de beleza.

Porque não se pode perder festa alguma. Nem evento importante. Isso logo nos desqualificaria como um ser normal.

Naturalmente, é louvável o cuidado com o corpo, a atenção ao parecer bem, à elegância. Faz parte da evolução da criatura cultivar o belo, o bom.

Mas daí aos exageros, aos excessos vai uma distância que prima pela insensatez.

Gasta-se o que não se tem, finge-se o que não se é. Tudo para parecer normal... Como os demais.

Que padrão de normalidade, afinal, estamos elegendo? Algo totalmente físico, exterior, passageiro em detrimento de valores reais?

Será isso que desejamos para os nossos filhos, a Humanidade do amanhã?

Desejaremos uma Humanidade de pessoas esquálidas, bulímicas, estressadas e vazias de conteúdo?

Cabe-nos pensar um pouco, antes que nossos filhos, por não atenderem aos padrões ditados por alguns se lancem no fundo poço da depressão, perdendo as oportunidades de progresso nesta vida.

Estamos na Terra para angariar sabedoria, ilustrar a mente, dulcificar o coração, ascender à perfeição.

A mente se ilustra com estudo, reflexão, esforço. O coração se dulcifica no exercício do bem ao próximo, entendendo que as diferenças existem para permitir realce à verdadeira beleza.

Invistamos nisso. E, em vez de nos esgotarmos em horas e mais horas de trabalho para conseguir mais dinheiro para atender a necessidades tolas, reservemos tempo para conviver com a família, com os amigos.

Reservemos tempo para leituras, alimentando as ideias; para a reflexão, a fim de nos enriquecermos interiormente.

Tempo para olhar o nascer do sol e seu desaparecer no poente, para ouvir a sinfonia da chuva em dias quentes, o agradecimento da terra pela água que sorve, com sofreguidão.

Tempo para amar, para viver, para ser um humano de valor, para ser feliz.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita

Em 18.03.2010.


domingo, 7 de março de 2010

Just a Line!

SDST!!!

Stop Drinking, Start Thinking !

Cheers,


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A imortalidade da Alma!

Bom dia a todos!

Nesta semana que se findou passei por uma grande prova em minha vida, meu tio Carlos Augusto desencarnou... Ti Ua!, como o chamava. Uma pessoa que eu amava muito, um homem de bem, Filho, Esposo, Pai, Irmão, Primo, Tio, Amigo, Professor... seu marco: a Alegria!

A dor da partida é sim muito forte, triste, aguda... mas a certeza do amparo espiritual é muito maior e tenho fé que ainda o encontraremos quando no outro plano. Ele estará bem, saudável, com um sorriso no rosto e amor no coração, sentimento esse que ele tinha em abundância, pois feliz daquele que é lembrado pelas suas qualidades como ele, entre os alunos a alegria, entre os amigos o companheirismo, entre os familiares, tudo isso e mais ainda, o amor, o carinho, o abraço...

Obrigado Ti Ua pela oportunidade de conviver com você!

Um beijo no seu coração,

Evert Ramos

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Meditação e Felicidade

Achei essa história interessante e resolvi compartilhar!

Na Índia, conta-se a seguinte história: uma mulher foi surpreendida numa praça procurando algo. Curiosa, a vizinhança logo quis saber o que ela havia perdido: uma agulha, muito rara, respondeu. Todos se prontificaram a ajudá-la a achar a tal agulha. 

No final da tarde, já cansados da procura inútil, os vizinhos perguntaram: onde exatamente você perdeu a tal agulha88 ao que a mulher respondeu: dentro da minha casa, mas como aqui há mais claridade, achei que teria mais chances de encontrá-la... Só faltaram bater na mulher: como você nos fez perder tanto tempo procurando aqui fora algo que foi perdido lá dentro? 

A mulher, que era na verdade uma monja, deu a seguinte lição: engraçado, vocês perdem a felicidade em seus corações e partem para buscá-la no mundo exterior, fazem a mesma loucura que agora estranham em mim. Esta tem sido a vida de vocês, que buscam fora o que perderam dentro. Pois saibam que somente no silêncio de seus corações poderão encontrar a felicidade perdida! 

Esta é a situação do ser humano. Você é capaz de olhar para todos os lugares à sua volta, mas é incapaz de ver onde está e o que veio fazer neste planeta. É incapaz de fazer a pergunta fundamental: QUEM SOU EU? Mergulhe para dentro de si. Tenha coragem de permanecer só e em silêncio. 

A mente quer levar-lhe para fora porque teme perder o controle da situação. Seja mais forte, resista a todas as tentativas de buscar fora a felicidade que só pode ser encontrada dentro de você. MEDITE! A mente e a meditação não podem coexistir. Não se pode ter ambas. Ou você fica com a mente ou com a meditação, pois a mente é pensar e meditação é silêncio. A mente significa tatear no escuro. 

A meditação significa entrar na infinita beleza do seu próprio ser!

Abraço a todos!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Para Refletir...!

Carta do Zé Agricultor para Luis da Cidade

Por Fernando Sampaio

Anda circulando aí pela internet. O pior é que é tudo verdade...

Luis, há quanto tempo! 

Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava. 

Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormir já era mais de meia-noite.

De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né, Luis? 

Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos aí da cidade. 

To vendo todo mundo falar que nós da agricultura estamos destruindo o meio ambiente. 

Veja só. O sítio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro de uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança. 

Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade né, Luis? 

Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né?) contratei o Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. 

Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário? 

Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né, Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca. 

Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom, Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudí-lo. 

Depois que o Juca saiu, eu e Marina (lembra dela, né? Casei.) tiramos o leite às 5 e meia, aí eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora. 

Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dias pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar seis cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande, né? 

Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado. 

Mas não é o povo da cidade que suja o rio né, Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande e dá até prisão. 

Cortar árvore então, Nossa Senhora! Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa. 

Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram oito meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso. 

Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de R$500 a R$20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, aí tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos. 

Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mas fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisar de nós, os criminosos aqui da roça. 

Até mais Luis. 

P.S.: Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta em papel reciclado, pois não existe por aqui, mas aguarde até eu vender o sítio.